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10-05-2020

Bruno Barros

O hábito de meditar: o que é a meditação Vipassana?

Mulher correndo contra o vento e olhando na direção da tela.
estátua representando buda na posição lótus de meditação

Incorporar o hábito de meditar em sua rotina, mesmo que por alguns minutos, pode transformar seu dia inteiro. Qualquer pessoa com um pouco de experiência pode apontar dezenas de benefícios. Desde o aumento do bem-estar geral como no tratamento de dores.

No entanto, existem inúmeros tipos diferentes de formas de meditação. Definidos por técnicas, experiencias e objetivo diversos.

O que poucos sabem é que muitas das técnicas utilizadas hoje derivam da mais antiga de todas: a meditação Vipassana. Acredita-se ser a forma ensinada por Sidarta Gautama, o Buda, há mais de dois mil anos.

Assim, qualquer interessado em meditar pode se beneficiar de conhecer um pouco mais a fundo o assunto. E é neste texto que começo a oferecer esta oportunidade.

O que significa Vipassana

Apesar de tema controverso, podemos dizer que o Budismo divide a meditação em dois grandes grupos: o Vipassana e o Samatha. Ambos os grupos exploram diferentes habilidades mentais e técnicas de execução.

O termo Samatha pode ser traduzido como concentração ou tranquilidade. É um estado onde a mente é levada ao descanso por meio do foco em um objeto específico. Deve-se fugir da vontade de explorar algum tipo de raciocino que leve a mente a perambular em fantasias.

Já para o termo Vipassana, não existe uma única tradução em português. Pode significar discernimento, ver as coisas como são, o que está diante dos olhos, o que é percebido pelos sentidos, visão superior, visão clara etc.

A sútil diferença é que em um formato se busca no objeto um suporte para não se distrair. No outro, procura entender o que realmente o objeto representa.

O método é simples, mas profundo e minucioso. Um sistema antigo e codificado para se treinar a mente através de um conjunto de exercícios. O objetivo é se tornar cada vez mais consciente das experiencias vividas.

Ao praticar essa meditação, buscamos ver as coisas como são. Despida de qualquer julgamento que nossa identidade possa querer oferecer ao que está sendo observado.

Durante o processo de aprendizado, se usa a concentração como ferramenta. De forma lenta, gradual e crescente. Assim, vai se quebrando a barreira ilusória que nos separa da realidade das coisas. Pouco a pouco percebemos a luz que está ao outro lado.

pessoa olhando por buraco na parede

Aprendemos a usar nossos sentidos de forma precisa, atenciosa e completa. Compreendendo o que está acontecendo diante de nossa presença.

Ao conseguir atingir o objetivo se perceber a realidade, atinge-se um processo de transformação chamado Liberação. Ele é permanente e representa a busca de todo praticante budista.

Em uma sociedade moderna cada vez mais desconectada do momento presente, este fim se torna um desafio muito maior. Por outro lado, ainda mais importante de ser almejado.

Um processo de descoberta interna e externa

Para se iniciar o aprendizado, é importante se despir dos estereótipos e crenças que nos apegamos. Qualquer expectativa sobre o que irá ser encontrado com a técnica, nada mais é do que uma tentativa de se moldar a realidade à nossa visão pessoal.

Passamos a vida buscando dar significado e nome a tudo que experimentamos em nossa volta. Temos as mais elaboradas teorias sobre os mais complexos eventos internos e externos, por mais ignorantes que sejamos.

É abandonando estes velhos comportamentos que iremos obter resultados da prática. Portanto, durante a jornada e a maior maturidade em como enxergamos o mundo a nossa volta, vamos descobrindo novas experiências.

Se descobre que nossos pensamentos, corpo e vontades contribuem para a definição de quem somos. No entanto, nenhum deles individualmente pode nos representar.

Cada vez mais aumentamos nosso autocontrole, reduzindo a necessidade de ter total influência sobre o que está a nossa volta. Aumentamos a sensação de paz interna mesmo em ambientes que acreditávamos serem repletos de conflitos.

Nos desconectamos do delírio moderno ao se conectar com o fato de estarmos conscientemente presente.

Por que praticar?

Diversos são os motivos que fazem as pessoas buscarem aprender a meditar. As vezes buscam resolver um problema, seja físico ou psicológico. Outras vezes almejam mais do que estão obtendo com a vida, seja espiritual ou mental.

A cada meditação, a capacidade de não reagir a eventos que lhe afligem vai ser aprimorada. Dores físicas, por vezes muito intensas, fazem parte das sessões. No entanto, serão apenas observadas até o ponto de não existirem mais ou simplesmente não gerarem nenhum sentimento.

Sua visão sobre o que é um problema e o que é apenas algo corriqueiro, que sua mente rotulava com algo penoso, vai se alterar drasticamente.

Os dias serão percebidos com menos eventos negativos. Mesmo durante situações que para muitos pode parecer caótica, você irá manter o equilíbrio e observação.

Por outro lado, seus sentidos irão se intensificar. Pequenas coisas, como um sabor, cheiro, textura, paisagem, vão gerar uma sensação de bem-estar e prazer que muitos não tem a oportunidade de vivenciar.

mulher em meio as arvores parada e de olhos fechados

E para manter o hábito, será necessário praticar a disciplina, do contrário você iria abandonar frente o primeiro desconforto. A capacidade de autocontrole e de fazer o que é necessário se tornará algo cada vez mais natural.

Você vai parar de rotular, julgar e absorver conceitos que sua mente joga sobre seu corpo. Desta forma, se sua opinião gera menos consequências, as das outras pessoas sobre você irão começar a também perder relevância.

Será possível viver cada vez mais de acordo com o que se alinha aos seus valores do que ao esperado pelas outras pessoas.

Por último, mas não exaurindo as possibilidades, cada sessão de meditação gera uma sensação de bem-estar. O sentimento de conquista e consciência de que seu equilíbrio mental, além de importante, está sendo aprimorado aumenta sua paz de espírito.

Independente da sua busca, a prática vai fazer com que essas e outras habilidades sejam aprendidas e aprimoradas. Vou deixar você julgar os consequentes benefícios da meditação Vipassana das vantagens acima, baseando-se em cada uma delas.

A prática e como aprender

Usualmente se pratica sentado, na posição de lótus, com as pernas cruzadas e as mãos apoiadas sobre os joelhos. No entanto, para quem tem problemas nas costas, até mesmo se sentando em uma cadeira é possível meditar.

Depois de encontrar a forma ideal, sua atenção irá se voltar à respiração. Mais precisamente na saída e entrada de ar, pelo seu nariz. O objetivo não é alterar a velocidade com que se respira, mas apenas observar a forma natural que o ar entra e sai.

Você irá perder o foco por diversas vezes. Pensamentos diversos vão emergir ou apenas sensações, como algum cheiro forte, vão tomar sua atenção.

Quando isso acontecer, identifique o que está acontecendo, concentre-se no fato e use um rótulo verbal sobre o que ocorreu. Se era um pensamento aleatório, apenas diga mentalmente uma palavra que descreva a ação: pensando.

Não se preocupe em complicar a linguagem. Será o suficiente utilizar palavras como pensando, ouvindo, cheirando etc. Em seguida, retorne à atenção para a respiração.

A meditação Vipassa costuma ter sessões mais longas que outras práticas. É comum buscar uma posição imóvel por pelo menos uma hora completa.

imagem de um relógio

E após muito tempo, dores ou dormências nas pernas serão inevitáveis. A ideia é não se mexer para tentar aliviar algum incômodo. O objetivo é observar. Não é incomum a mente ficar buscando justificativas para se mover e ignorar esse raciocínio é parte da prática.

Recomendo procurar aprender a técnica buscando um curso para iniciantes. Eles acontecem em retiros de silêncio de 10 dias.

Inclusive, de certa forma esta foi minha experiência com a técnica, que eu não conhecia antes. Nestes retiros, as sessões de meditação podem chegar a horas seguidas, diversas vezes ao dia.

Existem turmas realizadas pelo mundo inteiro e oferecidos a custo zero para os participantes. O suporte financeiro vem de doações de quem já participou e resolveu contribuir. A agenda de eventos é divulgada no site oficial, em dezenas de idiomas diferentes.

Uma coisa é certa. Todos que se derem a chance de experimentar, vão descobrir uma ferramenta poderosa. E talvez, assim como eu, não vão deixar de querer compartilhar o que aprenderam com outros.

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Referências externas¹

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