Tópicos Abordados V
Todos nos fomos criados em um modelo onde o mau comportamento é punido. É o castigo em casa ou na escola. Inclusive, muito levaram umas palmadas ou muito mais.
Temos a crença de que a punição é o melhor caminho para corrigir um ato falho e acabamos usando isso contra nós mesmos. E se você estiver enganado?
A punição vinda de um agente externo e que força o comportamento desejado, pode até ter algum resultado. Porém, quando se trata de nós mesmos, não é bem assim.
Ao errar em um projeto pessoal, se sentir culpado leva a um processo de punição que só te distancia ainda mais do seu objetivo.
Assim, é hora de entender este comportamento e finalmente optar pela melhor opção: o perdão.
Zero é mais difícil do que nenhum
Um comportamento bastante observado por quem comete um erro, é se aprofundar ainda mais nos erros. Até conseguimos resistir a começar. Porém, depois da primeira mordida, vamos ladeira abaixo.
Quem nunca passou por isso? Todos nós estamos suscetíveis a este problema.
Saímos de casa prometendo que não iremos beber nem uma cervejinha. Amanhã temos de acordar cedo, estamos de dieta, o médico pediu para reduzir, seja lá o motivo.
Porém, em poucos minutos vendo nossos amigos beberem, acabamos nos convencendo que umas duas não farão mal.
No fim da primeira, já começamos a perceber o erro. E já que estamos ali mesmo, por que não beber mais dez?
Sabemos que isso não acontece apenas com álcool. O descontrole acontece mesmo antes dele fazer efeito e ser o culpado da situação.
Quando fazemos uma dieta, basta que um leve deslize desencadeia o início de um banquete desenfreado. Se precisamos estudar e acabamos passando uma hora no Netflix, mais nove horas não serão um problema.
Este comportamento pode ser desencadeado por dois motivos. Conscientemente, por achar que é melhor tirar um proveito de algo que já deu errado.
Ou de forma inconsciente. Como você vai estar se sentido mal por ter falhado, vai procurar fazer algo para se sentir melhor. Geralmente, a opção é fazer justamente o que quer se abandonar.
E por que não aproveitar o momento?
Os problemas acabam sendo muito maiores do que um simples erro. No mínimo, teremos um grande desconforto da ressaca no dia seguinte. O que já vai dificultar muitos planos.
Porém, depois que os sintomas passarem, as chances de abandonarmos nossos objetivos de vez é muito alto. Nos sentimos culpados e sem esperança de que iremos dar conta.
Afinal, para mantermos a linha, é preciso estar disposto e satisfeito com o que está sendo realizado. A partir do momento que tropeçamos e não sabemos lidar com a situação, fica tudo mais difícil.
Nosso cérebro começa a sinalizar que é melhor voltar par ao comportamento de sempre. Para o que já estamos acostumados a fazer.
Ele quer economizar energia e tenta todo tipo de estratégia que te convença que isso não está dando e nem nunca vai dar certo.
Às vezes o problema se disfarça de solução
E o perigo nesta situação toda é que ao nos sentirmos mal precisamos de alguma forma corrigirmos este desconforto.
Imaginamos que sua missão é cortar o açúcar da sua dieta. Já faz um tempo que você vem percebendo que não está fazendo bem para sua saúde e quer cortar de vez.
Porém, esqueceu de avaliar o impacto social desta sua dieta. Ao visitar sua tia queria, ela está acostumada a te oferecer vários chocolates e adora quando você come todos.
Com receio de fazer feio e deixar sua família chateada, resolve comer apenas um. Consegue o feito, mas rapidamente começa se sentir muito mal por ter quebrado sua dieta.
Enquanto está sofrendo, não consegue mais nem se concentrar no que sua tia fala. Só consegue olhar para os chocolates e salivar. Tudo em você quer devorar o pote de chocolates.
O problema é que seu cérebro procura de uma solução para este seu sofrimento. E você acredita que eles estão nos chocolates, que desencadearam o problema. Complicado, não é?
O caminho é a compreensão e o perdão
Este caminho de culpa é gerado pela forma que nos organizamos como sociedade. Sempre acreditamos que para corrigir um comportamento, devemos usar a disciplina. E disciplinar é sinônimo de punir.
Por outro lado, os que merecem ser disciplinados são vistos como pessoas vis. Se torna uma pessoa boa quando não come o chocolate e se torna uma pessoa ruim quando come.
Você caracteriza seu comportamento de comer um chocolate no campo moral e não como um erro normal.
Você acabou de cometer um grande pecado capital ao devorar chocolates. Tem vergonha disso e acreditar que só a punição vai te salvar. Não tem chances de dar certo.
E sabe o caminho que dá mais certo? Você aceitar que é feito de carne e osso e se perdoar. Não tem necessidade de julgar seu comportamento ou se comparar aos outros.
Errar é natural e faz parte de toda mudança. O livro Os desafios à força de vontade aprofunda bastante no tema.
A vantagem é que a solução não é complexa. Participantes de um estudo com mulheres que precisavam resistir a comer balinhas de chocolate conseguiu uma solução bem simples.
Depois do primeiro chocolate, os pesquisadores entregavam um pote inteiro para as participantes. Afirmavam que elas poderiam comer o tanto que quisesse.
Para metade do grupo era feito uma fala anterior. Os pesquisadores lembravam que todo mundo erra algumas vezes. Somos feitos de carne e osso. Ninguém tinha que sentir culpa de comer um doce.
Resultado? O grupo da mensagem comia no máximo 6 balas (30g) e o grupo sem a mensagem comia até 13 balas (69g).
Assim, apesar do senso comum acreditar que passar a mão na cabeça das pessoas só vai estimular o comportamento, não é tão simples quanto parece.
Exercício de perdão com áudio
Assim, para que você não caia no erro de achar que está tudo perdido após um dia fora do planejado, aqui vai um exercício.
Ele é um áudio gravado por mim que pode ser utilizado sempre que o sentimento de culpa bater. Seja após quebrar a dieta, faltar a academia, vacilar nos estudos etc.
e quiser fazer o download para usar em qualquer lugar, vá em frente.