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20-04-2020

Bruno Barros

Jejum intermitente: meu relato de 6 meses de experiência

Mulher correndo contra o vento e olhando na direção da tela.
Sempre que ler minhas experiências, considere que o funcionou para mim pode não funcionar para você ou te fazer mal. Somos todos diferentes.
mesa de jantar posta com prato vazio

Ao pesquisar sobre saúde, bem estar e bons hábitos em geral, comecei a ver a quantidade de vezes que o jejum intermitente acabava aparecendo como uma boa opção.

Também gosto de acompanhar a história de pessoas que tem melhor desempenho em sua área, seja no mundo artístico, do esporte ou empresarial.

Acredito quem tem alto desempenho sempre têm bons hábitos que eu gostaria de poder reproduzir.

O mesmo padrão acabou se repetindo em relação as pesquisas sobre saúde. Muita gente recorria ao jejum por uma série de motivos. Foi aí que comecei minha pesquisa focada no assunto.

Quando tomei a decisão de começar

Durante minha busca, comecei a investigar primeiro os benefícios do jejum intermitente e evidências que os suportavam.

O ponto que me chamou mais atenção foi a possibilidade de ser uma possível prevenção ao câncer. Perdi minha mãe aos onze anos por causa da doença, além de outros familiares também terem sofrido com este mal.

Logo, o tema sempre fez parte da minha vida. O Nobel medicina de 2016 acabou atraindo mais a minha atenção para o possível benefício. Ele fala sobre o processo de autofagia, despertado pelo jejum, e seus benefícios.

Como extra, fiquei interessado em mais duas coisas. Nos relatos de aumento de foco e consequente produtividade. Estava estudando em como manter um site, desde a construção à completa gestão, horas por dia e seria útil aumentar minha eficiência.

Por último, queria sentir o orgulho e saber que sou capaz de ficar horas e até dias sem comer. Seria uma quebra de paradigma.

Assim, percebi que seria bom para meu estilo de vida e fui para a etapa de considerar os riscos.

Também percebi que já bem estava melhor preparado para um jejum, pois já experimentava a dieta cetogênica havia dois meses.

Meu corpo funcionava a base de gordura e a fome não parecia ser um problema.

Preparação antes de começar

Antes de começar o jejum, obviamente que pesquisei bastante os diferentes tipos, o caminho que queria seguir e como me preparar para isso.

Eu já tinha prática com a dieta cetogênica e sentia sintomas suficientes para saber que estava em cetose. Então, começar a queimar gordura como combustível não seria problema.

Levantei os possíveis efeitos colaterais e decidi como iria me preparar para eles. Já tinha feito um exame de sangue antes de começar a low carb e decidi que faria um a cada dois meses durante o jejum.

Estudei um bocado do que poderia beber além de água e que tivesse zero calorias, como chá, café, vinagre de maçã, água com limão espremido, etc.

Percebi que muita gente não tinha dificuldade em realizar o jejum de 16h/8h com dietas normais.

Foi então que decidi , por partir de uma base melhor, começar pelo protocolo de 20h sem comer e depois 4h de janela para fazer duas refeições.

Estava no começo de julho de 2018 e fiz um planejamento da seguinte forma. Faria o jejum de 20h/4h todos os dias durante o mês de julho. Faria 72h de jejum no primeiro final de semana de agosto, setembro, outubro e novembro.

Por fim, faria um jejum de 120h na primeira semana de dezembro. Eu também me pesava todos os dias e registrava.

Jejum intermitente 20h/4h (dieta do guerreiro)

Existe uma confusão em relação a dieta do guerreiro ser um protocolo de jejum ou não. Ela realmente é uma dieta, mas ajudou eu me preparar.

E o termo é mais conhecido do que o protocolo 20h/4h quando se pesquisa. Independentemente do nome, minha prática foi esta durante um mês:

Acordava cinco horas da manhã e ia para a academia em jejum. Para minha surpresa, não tive problemas. Meu desempenho continuou aumentando devagar, conforme antes.

Voltava para casa e começava a me preparar para ir trabalhar. Por volta de 8h da manhã eu tomava um café da manhã reforçado. O almoço ao meio dia era minha última refeição do dia.

Lembrando que minha dieta ainda era a cetogênica. Minha ingestão de carboidratos estava muito baixa. Assim, não tive nenhum tipo de desconforto ou problema. Senti que os sintomas da cetose se aprofundaram.

Meus dedos começaram a ficar com as pontas roxas, por exemplo. Detalhe extra, como tenho um relógio que monitora os batimentos cardíacos. Comecei a reparar que depois de muitas horas sem comer, meus batimentos eram em média muito mais baixos.

Passei por esta fase sem nenhum desconforto físico. Continuei me sentindo muito bem e até meu sono ficou mais tranquilo.

Minha sensação era de que eu precisava de menos horas para dormir. O maior problema foi encaixar esse novo estilo de me alimentar na minha vida social.

Pessoas no bar

Eu tomava café-da-manhã e almoçava justamente para tentar não chamar a atenção dos outros. No entanto, sair com os amigos a noite e evitar beber e comer foi desafiante.

Mais do que recusar carboidratos enquanto testava a low carb. A vantagem é que nesse ponto o povo já me considerava um pouco maluco e insistia menos.

Enfim, sem muita dificuldade, passei o mês inteiro e ganhei confiança para seguir em frente. Confiança que me gerou problemas quando testei o método novamente, meses depois.

Escrevi especificamente sobre isso quando testei a dieta do guerreiro. E o maior problema foi que quando comecei a comer no final do dia. Passei a pensar em comida o dia inteiro.

Primeiro jejum de 72h (3 dias)

Chegou agosto e era hora de testar o jejum. Escolhi o primeiro final de semana. O café da manhã da sexta foi minha última refeição por três dias.

Escolhi esse momento porque eu evitava ao máximo comentar com as pessoas o que estava fazendo e chamar atenção. Acabei perdendo muita informação, como o histórico diário de peso, pois não tinha a intenção de compartilhar.

Assim, tomando o café, eu poderia escapar de um almoço e minha primeira refeição pós jejum poderia ser controlada na manhã da segunda. Não queria arriscar voltar a comer com um almoço na rua. No final de semana, bastava ficar em casa.

Apesar de me manter mais em casa, não cortei a ida à academia na sexta e nem no sábado. Eu já descansava aos domingos. Toquei minha rotina normalmente.

Uma das coisas que senti falta foi o prazer e o hábito de comer em alguns horários. Os dias pareciam longos e mesmo sendo uma pessoa muito calma, fiquei um pouco ansioso em alguns momentos. A vantagem é que eu tinha muito com o que me distrair em casa.

Não senti fome, nem tive fraqueza, enjoos, palpitações ou dificuldade para dormir. Eu acordava antes do tempo regular, mas me sentia descansado e ficou cada vez mais fácil acordar antes do sol nascer.

Parecia que com a energia salva da digestão, eu precisava descansar menos. Como fiquei mais em casa, também gastava menos desta energia.

homem vendo o sol nascer pela janela

Porém, na segunda noite, para iniciar o terceiro dia, acordei com uma forte câimbra. Meu corpo estava sentindo falta de potássio e sódio. Passei o terceiro dia com dor na perda por causa da intensidade e meu olho direito ficou avermelhado.

Imaginei ser alguma reação do corpo em processo de autofagia, pois não era desconfortável e se não fosse o espelho eu não teria percebido. Fora isso, não tive outro problema.

Do lado positivo, tinha muito tempo livre, meu poder de concentração realmente ficou bastante aguçado. Fora a dor da câimbra, eu me senti muito bem durante os três dias.

Ao quebrar o jejum, tomei café da manhã normalmente, ou seja, muita vitamina de abacate, misturada com um monte de coisa que gosto. Sei que muita gente começa leve, mas resolvi testar.

Depois de um período de restrição, não imaginava meu corpo rejeitando comida. Não tive problemas.

Por fim, não tenho mais o registro exato, o que é uma pena, mas perdi por volta de 2kg nos três dias se comer.

O peso foi reposto nos três dias seguintes e minha evolução era sempre crescente na média mensal. Eu já era magro e estava tentando ganhar massa na academia.

Jejuns de 3 dias seguintes

A primeira coisa que pesquisei foi como evitar a câimbra no futuro. Eu já tinha lido a respeito, mas acabei deixando escapar.

Comprei um sal light no mercado, onde existe uma grande dose de potássio. Na primeira água do dia e as vezes na última eu colocava limão, vinagre de maçã e meia colher de chá do sal.

Meu outro problema foi a falta de momentos que envolvessem a pausa para o preparo e a ingestão de uma refeição. Assim, me planejei para ingerir coisas que eram permitidas. Acordava com a água com gás, me sentava e relaxava por um pouco de tempo, tomando devagar.

Pouco antes do horário usual do almoço comecei a preparar café, que eu não tinha o hábito de tomar, e apreciar o momento.

No final da noite eu preparava um chá e me permita relaxar, me concentrando apenas no que estava tomando. Às vezes, também preparava uma água com sal antes de deitar.

Assim, todos os outros jejuns foram fáceis e não tive nenhum efeito colateral. O único desconforto era o sintoma da cetose das extremidades mais frias, principalmente por causa do ar condicionado do trabalho. Não chegava a me incomodar.

Contudo, meu corpo foi se habituando e este frio sumiu. Na verdade, não sei se por praticar o método Wim Hof ou somente por causa do jejum. Porém, meu corpo começou a manter a temperatura mesmo em ambientes frios.

E do terceiro jejum em diante, eu não me preocupava mais em fazer durante a semana e algumas pessoas do trabalho ficarem sabendo o que eu estava fazendo.

Já tinha começado a testar a dieta do guerreiro, comendo apenas a noite. Assim, quem convivia de perto já sabia dos meus novos hábitos.

Eu também pedalava 15km para chegar ao trabalho e o mesmo tanto para voltar para casa. Mesmo já tendo ido para a academia de manhã cedo.

Meu peso continuava baixando cerca de 2kgs no período de jejum, mas sendo recuperado em dois ou três dias. Apenas meu percentual de gordura continuava reduzindo. Meus exames de sangue continuavam muito bons.

Não posso afirmar com certeza se nasci para isso ou tomei todas as precauções necessárias. Hoje, com minha experiência, acredito muito mais na segunda hipótese, sem desconsiderar minha melhor disposição à prática. Sei que o jejum pode ser um problema para muitas mulheres, por exemplo.

Primeiro jejum de 120h (5 dias)

Neste ponto eu já estava plenamente adaptado e muitos amigos e colegas de trabalho já sabiam que eu estava jejuando. Assim, não enfrentava dificuldades de nenhum lado e os dias de jejum passavam como se fossem um dia comum.

Só o fato de eu comentar que desta vez seriam cinco dias assustavam algumas pessoas. Mesmo que elas já soubessem do meu costume em fazer três.

Fiquei com receio de malhar do terceiro dia em diante por achar que estava exigindo muito do meu corpo. Resolvi reduzir as atividades, mas continuei indo trabalhar de bicicleta. Nesse período o trecho era menor, de 5km.

Eu não me senti mal e não tinha razão nenhuma para pensar que teria problemas com exercícios.

No entanto, estava fazendo algo que eu não conhecia ninguém que tivesse feito. Lá no fundo ainda ficava o receio de estar fazendo algo exagerado.

Quebrei o jejum 121h após minha última refeição com um pouco de castanhas. Estava no trabalho e só comeria mesmo algumas horas depois, ao chegar em casa.

Fiquei muito satisfeito com os resultados físicos e de como eu me sentia psicologicamente por ter chegado até aqui e o que realizei em seis meses.

Como estou depois de quase dois anos

Depois dos primeiros seis meses, eu tinha a pretensão de fazer um jejum de três dias toda primeira semana do mês. Realizar um de cinco a cada seis meses e continuar com o intermitente a maioria dos dias da semana.

Só quebrava a regra em algum evento social, pois não via motivo para ser tão rigoroso.

Após dois anos, posso dizer que o único jejum que fiz de cinco dias foi o relatado aqui. No mês de janeiro, viajei para o ano novo e não fiz jejum de três dias.

Pedi demissão na primeira semana de trabalho, em janeiro de 2019, e comecei a me adaptar para sair da empresa.

Da segunda semana de janeiro até junho, minha rotina ficou extremamente disciplinada, aprendi a construir e gerenciar um site e inclusive comecei a rabiscar o projeto deste que você está, enquanto aprendia.

Porém em junho, parti para uma viagem de três meses na Europa, motivada por querer conhecer o Wim Hof, o homem de gelo. Minha segunda experiência viajando para tão longe e a primeira por tanto tempo.

homem com mala no aeroporto

Durante esta viagem, não fiz o jejum de três dias nenhuma vez. Cedi e acabei ficando em hostels, saindo muito, comendo carboidratos.

No entanto, o jejum intermitente era meu companheiro e tornou minha viagem muito mais fácil e até econômica.

Vários dias eu fazia apenas uma refeição e era uma forma de garantir que eu teria uma grande refeição saudável, mesmo viajando.

Aprendi bastante com esta experiência sobre os hábitos que eu conseguia manter, mesmo sem rotina alguma e no meio de tanta gente diferente.

Depois de voltar para casa, foi muito mais fácil voltar a jejuar do que quando comecei, mas exigiu paciência. Tive sintomas de hipoglicemia, pois quanto levantava rápido eu ficava um pouco tonto.

Qualquer sinal de mal estar eu quebrava o jejum, passava um dia me alimentando bem de gorduras e proteínas e tentava novamente.

Na primeira tentativa tive de quebrar o jejum por duas vezes após 30h, pois não estava me sentindo 100%.

Na segunda tentativa, por também não ter levado um mês tão disciplinado como os que eu tinha antes da viagem, interrompi uma vez no primeiro dia e retornei com sucesso depois de 24h.

Essa fase foi a que mais aprendi e percebi o tanto que eu já tinha automatizado muito conhecimento. Por outro lado, ficou claro como a experiência pode ajudar no preparo, mas atrapalhar na confiança.

Ao me sentir desconfortável, podia forçar o jejum até o final do terceiro dia, sabendo que iria sobreviver. No entanto, se estou buscando saúde, não é o melhor caminho.

Assim, não tem necessidade de exagerar. Jejum sempre foi a busca de hábito mais saudável do que teste de limites. Este tipo de exagero acontece em vários outros casos.

Pessoas experientes em exercício que ficam um tempo paradas e quando voltam forçam ao ponto de ficarem cheias de dores, como se fosse normal. Não existe nenhuma necessidade disso.

Resultado

Aprovado. Hoje acredito que a maioria das pessoas deveriam considerar testar o jejum, principalmente homens, que tem uma fisiologia mais apta para a prática.

Apesar de o jejum de três dias ter ficado cada vez mais raro, mas isso é motivo para outro longo texto. No entanto, acredito que vou retornar a fazer regularmente em breve, pois o jejum intermitente virou minha prática regular.

A maioria dos dias da semana eu faço a ingestão de calorias uma ou duas vezes ao dia. A quantidade de benefícios físicos, psicológicos e até mesmo facilidades geradas no dia-a-dia fazem com que eu não consiga mais me imaginar me preocupando em comer de três em três horas.

Se interessou e quer começar conhecer mais? Leia o guia completo do jejum intermitente. Assim, poderá conhecer todos os passos que vão garantir que você não cometa os mesmos erros que eu.

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Artigos do site mencionados

Referências externas¹

Livros mencionados²

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