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14-04-2020

Bruno Barros

Wim Hof: como foi testar meus limites ao conhecer o homem de gelo

Mulher correndo contra o vento e olhando na direção da tela.
Ao ler minhas experiências, sempre considere que o que funcionou para mim pode não funcionar para você ou te fazer mal. Somos todos diferentes. Aprenda a escutar seu corpo e responder a isso, esse é o objetivo.

Depois de quase um ano praticando o método Wim Hof, senti que tinha muito o que agradecer seu criador. Também sentia que minhas técnicas estavam um pouco estagnadas e que precisava procurar uma forma de progredir.

Depois de alguns passos e no meio desta busca, descobri que o próprio homem de gelo aplicaria um curso presencial, na Espanha.

Eu precisava apenas me comprometer com tempo e uma quantidade de recursos que alguém que tinha acabado de se demitir talvez não tivesse a coragem de fazer.

No entanto, uma coisa que o Wim me ensinou é que sou capaz de muito mais do que imaginava e como lidar com minhas dificuldades. Decidi que era hora de dizer obrigado, presencialmente. Será que me arrependi?

Autor do texto abraçado com o Wif Hof

Porque decidi conhecer o Wim

Depois de meses praticando as técnicas que ele ensina, senti que estava estagnado. Lia a respeito das sensações que as pessoas tinham ao respirar e não sentia algo próximo. Queria aprender mais. Eu também escrevi sobre minha experiência com o método Wim Hof.

Foi aí que entrei no site do método e pensei em fazer um curso online. Ali, percebi que eles credenciavam instrutores para espalharem os ensinamentos e achei um curso no Brasil, com direito a banho de gelo e tudo mais.

Durante o curso, conheci meus amigos Tim e Thyagi. O primeiro, um holandês instrutor do método. O segundo, um tradutor que ajudou ele a fazer o evento ser possível e que hoje também já tem tanta experiência quanto o Tim.

Foi no curso que percebi a diferença em respirar com um grupo, com um guia e tive a oportunidade de entrar em uma banheira com gelo, por 2min, pela primeira vez. Não dava para disfarçar o sorriso durante os dois minutos.

Acabou que no site também percebi que o próprio Wim fazia expedições de 7 dias em que ele ensinava sua técnica. Eu tinha acabado de pedir demissão e minhas reservas estavam em 100%. Imaginei que se fosse fazer alguma maluquice com dinheiro, era a hora certa.

Três coisas me motivavam bastante. Primeiro eu queria conhecer o Wim, apertar a mão dele e agradecer por ele ter me mostrado que o impossível pode ser coisa da nossa cabeça.

Também esperava que se no workshop com o Tim a experiência já era intensa, com o Wim seria ainda mais. E por último, fiquei muito curioso em conhecer as pessoas que estariam em um lugar desses.

Iniciando a expedição

A expedição estava marcada para começar dia 28 de junho em um parque na divisa da Espanha com a França, do lado espanhol. O combinado era esperar em um aeroporto de Barcelona, pois pegariam a gente lá.

Quando chego ao local, o primeiro instrutor que me recebe é uma brasileira que foi adotada por ingleses quando criança, mas que ainda fala um português arranhado. O que já acho curioso.

Logo em seguida, vejo meu amigo Tim. Por coincidência, apesar dos milhares de instrutores, ele vai ser um dos instrutores seniores que acompanharão o grupo.

Para minha surpresa, somos 100 participantes. Nos dividimos em dois ônibus e tocamos para o acampamento. Não sei o motivo, mas esperava um grupo menor.

Lá eu descubro que vou dividir o alojamento com duas outras pessoas. Hoje, meus grandes amigos, Ali e Thomas. Se você já leu meu relato em um retiro de silêncio que participei, Ali foi o grande responsável por eu estar lá, pois ele foi quem me convidou.

Eu Ali e o Thomas

Chegamos tarde da noite e nada do Wim aparecer. Não tinha nenhuma atividade programada, além do jantar e cama. Acabo conhecendo mais gente e já fico com a impressão de que o grupo é bem interessante.

Pessoas de todas as idades e tipos. Mestres do Yoga ou das artes maciais. Um Navi Seal e um militar do exército israelense. Gente com filho. Até uma agradável família com a avó, mãe e neta.

Um casal de australianos com mais de 70 anos, viajando o mundo e com bastante energia. Só que a idade não me enganava. Cada um parecia procurar o incomum e tinha uma boa história para contar.

Depois do jantar, recebemos o cronograma e vejo que iremos conhecer o homem de gelo logo cedo. Vamos todos respirar juntos, tomar café e em seguida teremos a primeira imersão no gelo.

O primeiro dia

Na primeira manhã, recebemos uns colchonetes e vamos para a respiração guiada pelo Wim. Ele finalmente aparece e é a alegria em pessoa. Exatamente como se pode ver nos vídeos que ele aparece. Cheio de energia e piadas.

Ele explica seu método e iniciamos a respiração juntos. A experiência é inacreditável. Fazemos quatro ciclos e ao fim me sinto muito bem e até um pouco emocionado. A respiração nunca tinha me deixado assim.

Quando olho ao meu redor é que sinto o poder daquilo tudo. Cada uma tem uma reação diferente e muitas pessoas entram em um sono profundo, cheio de sonhos variados.

Os instrutores precisam ficar muito atentos e dar suporte o tempo inteiro. Vou lá apertar a mão do Wim, dar um abraço e me apresentar. Bem simpático e acessível, ele aperta e sua mão e te abraça como poucos. Se percebe o tanto que o homem tem força.

Logo após a sessão, fazemos a primeira refeição do dia. Sem choro nem vela, vamos direto para o primeiro banho gelado.

Duas piscinas cheias de gelo, desde a noite anterior, estão nos esperando. Somos divididos em quatro grupos de 25 e meu amigo Tim é o líder do meu grupo. Não sei se por acaso, ou influência dele. Nunca perguntei.

banheira com o grupo imerso no gelo

É neste momento que eu que não precisamos fazer a respiração do método antes de entrar no frio. Os pilares da respiração e do frio se apoiam, mas são interdependentes.

Também descubro que a primeira imersão será de 10min. Nada de 2min, como nas oficinas com os instrutores. Também vou aprendendo sobre a espontaneidade do Wim. Muitas destas definições são feitas na hora. O homem é uma metralhadora de desafios.

Não por acaso, muita gente se assusta, inclusive meu amigo Ali. No primeiro minuto dentro da piscina eu tenho de ajudá-lo, pois ele está em pânico.

Ele não esperava que o gelo fosse causar tanta dor, das quais eu não sinto. O nervosismo aumentou a intensidade. Também tínhamos a apoio de 12 instrutores do método, olhando a gente de perto, além do Wim.

O que me ensinam é que basta respirar devagar para o corpo entender que está tudo bem e confiar que ele lide que com o frio. A receita dá muito certo e passo os dez minutos com um sorriso no rosto.

Algumas pessoas gritam e desistem, outras meditam, outras cantam. Cada um tentando lidar com a situação a sua maneira. É curioso como uns são motivados pela energia dos outros, enquanto algumas pessoas só querem silêncio para se concentrar.

Aprendizados

Os dias passam muito rápido e as atividades são fantásticas. Não tem o porquê descrever cada uma por aqui. Vale a pena comentar que no último dia, voltando de uma longa trilha logo depois da foto abaixo, começou a chover granizo.

Sim, gelo caia do céu em pleno verão espanhol. Coisas do destino, não? O fato é que durante os dias eu vou aprendendo algumas coisas com aquele grupo e sobre mim.

Eu estou de costas e olhando para o Wim Hof

A primeira coisa é que ao encarar o frio, a melhor abordagem não tem relação com resistência ou luta. A melhor técnica é saber ceder e não partir para o confronto. É saber confiar que vai dar certo.

Era evidente a diferença entre as pessoas que estavam lutando, e muitas desistiram e não voltaram mais ao gelo, entre as pessoas que estavam sempre aceitando. Uma visão diferente do terceiro pilar, o compromisso.

Também aprendi sobre o poder da comunidade. Estar no meio daquelas pessoas era muito intenso. A cada minuto nós nos aproximávamos mais.

Todo mundo se abraçava, as vezes por minutos, como se tudo fosse normal. Inclusive pessoas de culturas mais frias se transformaram durantes os dias. Eu também.

Não sou uma pessoa emotiva, mas ao final de cada respiração pela manhã, a partir do segundo dia, eu ia além da emoção e me derramava em lágrimas. Parece que fomos realmente programados para viver em tribos. Conectados.

Adoro minha família, amigos e tudo mais. Só que ali o sentimento de pertencimento era muito intenso, o que eu não conseguir explicar, principalmente por causa da velocidade em que ficou tão intenso.

Também entendi pessoas que participam de seitas e fazem maluquices. Tínhamos o ambiente mais propício ali. Gente de todo tipo, que se conhecem pouco, mas com uma forte conexão.

Fora um líder cheio de energia e habilidades para compartilhar. E a pitada final, um monte de pessoas a procura de algum guia ou direção.

O cenário era tão favorável em parecer uma seita, que comecei a ficar na dúvida se eu estava no meio de uma.

Por último, foi o reforço do aprendizado que tinha me levado até ali. Foi convivendo de perto com o Wim e com as pessoas a sua volta que percebi que não devemos julgar algo impossível tão rápido.

Nosso corpo é capaz de coisas inacreditáveis. Vivemos muito confortáveis e não exploramos essas habilidades. Como diz o Wim, o conforto está nos matando.

O Guru versus o homem comum

Wim com os braços abertos

Uma coisa que comecei a perceber desde o primeiro dia, era o tanto que o Wim era acessível. Você pode conversar com ele a hora que quiser como se fosse um amigo. No entanto, ele é bastante excêntrico.

Assim, além de competir com outras pessoas querendo sua atenção, era necessário entrar no ritmo dele. A atenção não era um problema, pois a maioria das pessoas tinha receio de abordar o famoso Wim.

Fora o fato de ele estar de certa forma trabalhando. Ele entrava em algumas linhas de raciocínio que as vezes fica difícil julgar quem é o verdadeiro Wim Hof. O que ele falaria quando desligasse disso tudo?

Também percebi o tanto que ele é maluco e como deve ter sido difícil para a família dele viver em volta daquele homem. Ele parece estar sempre em um diferente estado mental e não temos uma conversa normal ou corriqueira.

Quase sempre uma pregação, que já me deixou um pouco cansado a partir do segundo dia, por causa da repetição.

No entanto, apesar da pregação, ele não me pareceu nada como um Guru. Muita gente ali estava procurando uma salvação. Qualquer coisa que o Wim dissesse para eles fazerem, fariam.

Onde investir dinheiro, como se alimentar, como tocar a rotina, tudo. No entanto, apesar do Wim ter algumas ideias para salvar o mundo, a maior parte da pregação era sobre seu método.

Assim, quando pessoas pediam conselhos do Guru, ele respondia com a simples frase:

E

Contudo, não deixou de me chamar atenção a presença de um possível guru e o perigo envolvido. O tanto de gente com a mesma energia que o Wim tem, com a mesma influência, que utilizam dessa situação para tirar vantagem das pessoas.

Também pensei o tanto que começaram com boa intenção, mas não resistiram com o tempo. A posição que o Wim estava não é nada fácil. Também tive uma mesma experiência mais de um mês depois no retiro de silêncio.

Como voltar para o mundo real?

Só quem já viveu uma imersão do tipo, entende o que estou falando. E no último dia que começou a cair a ficha de que era hora de sair dali e talvez nunca mais ver aquelas pessoas. A maioria delas era certeza que eu não veria.

Fizemos um grande grupo em uma rede social e eu sairia dali e voltaria para uma vida que adoro. Continuaria viajando, pela primeira vez, pela Europa. No entanto, a maioria das pessoas voltaria ao trabalho, à sua vida normal.

Eu abraço meus amigos e familiares constantemente. Muitos deles voltariam para uma vida em que o toque não existe. A sensação de pertencimento se tornaria uma memória, apenas.

Percebi o tanto que tive sorte de estar ali e tomei a decisão correta de investir minhas economias naquela experiência.

Temos um grupo online, mas ativo até hoje. Percebi realmente como algumas pessoas tiveram dificuldade em se conectar ao mundo real e aceitar que a expedição tinha acabado. Será que não conseguimos viver mais parecido com o que experimentei ali? Ainda não sei.

O que ficou

Além dos aprendizados, o que ficou foram as pessoas que conheci. Eu não sabia que estava tão certo em imaginar que as pessoas que conheceria ali seriam fascinantes.

Alguns viraram tão amigos que consigo manter contato a distância. Algo que sempre tive dificuldade. O curioso é que não só consigo entrar em contato com frequência, mas aumento o vínculo e carinho que sinto por eles.

eu abraçando alguns amigos no último dia

E escrevo este texto no meio da crise do Coronavírus. Todos os dias nos reunimos online para respirarmos juntos e nos conectarmos mais um pouco. Sim, todos os dias e já tem mais de um mês que só pulamos o domingo da Páscoa.

Alguns deles já tive a oportunidade de ver presencialmente outra vez e estamos cada vez mais próximos.

Sim, o Wim me ensinou que o impossível muitas vezes é nossa imaginação. Além disso, me deu amigos, que depois de um ano, já digo com segurança, para o resto da vida.

Espero que todo mundo tenha a chance de viver algo assim um dia.

Se interessou pelo método e quer conhecer um pouco? Temos um texto sobre o método Wim Hof e como iniciar a prática.

Obs: Peço perdão pela qualidade das fotos, mas na época não achei que publicaria alguma coisa algum dia.

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Artigos do site mencionados

Referências externas¹

Livros mencionados²

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