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20-11-2019

Bruno Barros

Não aceite quem você é: se conformar não é um bom hábito

Mulher correndo contra o vento e olhando na direção da tela.

Se tem uma coisa que me deixa intrigado é o discurso de que a gente deve aceitar quem somos. Parece discurso de filme da Disney.

A frase também é muito usada em cerimônia de casamento. Dizem que devemos aceitar que nossa eterna companhia seja quem é.

Não deixo de achar graça quando escuto alguém dizer para outra em uma cena romântica: obrigado por me aceitar como sou. Aí todo mundo se derrete e acha lindo.

Vamos pensar um pouco mais sobre o assunto e ver se iremos ficar repetindo este discurso de forma honesta. Será que alguém que gosta de mim não aceita quem sou? Será que eu aceito quem sou? Quem sou eu?

Imagem de homem se olhando em espelho

Quem é você?

Primeiro nós temos que separar o que você é do que você faz e isso não é tão simples quanto parece. Os discursos de aceitação geralmente giram em todo do que você faz e dos resultados que isso estão te entregando e não de quem você é.

Geralmente as coisas que você é são praticamente imutáveis. Eu tenho 1,93m de altura e isso dificilmente irá mudar drasticamente duramente minha vida.

Posso perder uns centímetros até minha velhice ou você pode exagerar com algum acidente que me faça perder as pernas. Fora qualquer maluquice, não deixarei de ser um homem alto.

Assim, as coisas que te tornam quem você é, podem ou não, limitar as coisas que você pode fazer. Meu peso e altura dificultam eu me tornar um campeão de Fórmula Um, por exemplo.

O carro precisa de alguém pequeno e com menor peso. O que faz você ser quem é, provavelmente já é aceito naturalmente, pois você sabe que não pode mudar.

Além disso, as características que podem ser consideradas parte do que sou, são quase irrelevantes para as pessoas que gostam de mim e convivem comigo.

Elas podem fazer a diferença para quem decidiu não conviver comigo ou me julgar por causa delas.

Eu tanto sei que as pessoas acham que elas são suas ações, que um dos princípios sobre mudança de hábito que escrevi fala sobre você definir quem você é.

Se você diz que é o que faz, pelo menos que sejam coisas positivas. Sempre. Foi ali que tive a ideia de escrever este texto. Para que entendessem, escrevi como se desse para mudar quem você é.

Quem não te aceita provavelmente já não convive com você

Quantas pessoas você conhece que sofre com o fato de serem aceitas como são de verdade pelas pessoas a sua volta? E quantas pessoas você acha que entraram em um relacionamento não aceitando o que a outra pessoa é?

Nós geralmente não somos aceitos apenas por pessoas que sequer convivemos. Estas situações são problemas muito maiores do que do indivíduo. A discriminação, por exemplo.

Se você é negro, infelizmente ainda existe uma parte da população que não te aceita. O seu possível chefe não te contrata porque ele acha que te conhece por ver a cor da sua pele.

Mas é capaz que o novo chefe seja racista e você acabe tendo de lidar com a situação. No entanto, a chance é que com o tempo você se livra dele ou, infelizmente, ele de você.

Se você é homossexual, infelizmente uma parte da população ainda se incomoda com isso. No Brasil existe discriminação até do estado que você nasceu ou do sotaque que você tem.

Só que geralmente as pessoas que discriminam, evitam as pessoas discriminadas. Quando o contato acontece, o lado discriminado tende a sentir na pele o problema.

Resolvi tocar neste assunto e sei que é mais complexo. Um filho pode conviver com os pais que não aceitam sua homossexualidade. Acredito que também existe um processo de aceitação da própria pessoa que se descobre assim.

A convivência se torna um problema. Mas este assunto é mais delicado e complexo. Não é o tipo de situação que estou trazendo aqui.

Assim, a maioria das pessoas que convivem e gostam de você, sequer consideram ter que aceitar o que faz você ser quem é. E você muito menos vai querer agradecer alguém dizendo: obrigado por aceitar eu ter nascido no Brasil.

Quando você separar o que você é do que você faz, esta história de aceitação das suas ações perde cada vez mais o sentido.

Agora se você achar que sua esposa não te aceita porque você deixa a toalha molhada em cima da cama, você só é um sem-vergonha mesmo.

Uma ação que você repete diariamente não diz quem você é, se em breve existe a chance de ela não acontecer mais.

A hipocrisia da aceitação

Raposa fazendo careta

No entanto, o discurso de aceitação é mais usado em uma questão de autoestima sobre estas questões bastante mutáveis e transitórias. Você deve aceitar quem você é, pois não precisa mudar.

Basta você aceitar e ser feliz com o que é que tudo ficará bem. Seja para sempre essa versão que você não gosta.

Sabe o que é curioso? Dizemos para pessoas que são completamente insatisfeitas com sua situação que elas não devem mudar e se aceitar.

Só que isso não implicaria no fato dela também não terem que mudar a impressão que tem de si mesmo?

Nada que é transitório faz parte de quem você é. As características que podem mudar apenas demonstram o momento que você está vivendo. E se você está insatisfeito, tem todo direito de procurar mudar.

Você não é uma pessoa ansiosa, tímida, estressada, alegre, triste, matinal, noturna, inteligente, burra. Todas as definições que você diz ser, são influenciadas pela circunstância e variam durante o dia e durante sua vida.

Dizer que você deve aceitar qualquer situação dessas para que você se sinta melhor apenas te limita. Você deve ter paz em ser assim agora, mas não em continuar assim.

Se todas essas coisas podem mudar, elas estão sobre seu poder de influência. Talvez o grau de mudança e o tempo necessário variem, mas é certo que você pode mudar.

Gostaria de ver uma mensagem dizendo que devemos aceitar que não nos aceitamos. É uma hipocrisia eu dizer que você deve se aceitar como é, pedindo para mudar.

Não faz sentido, faz? A verdade é que você tem de mudar a sua opinião sobre a situação que você se encontra ao mesmo tempo que muda a própria situação.

Não podemos negar que existe um problema

É inegável que uma pessoa que sofre por buscar uma imagem da capa de revista, recorrendo a cirurgias perigosas, em muitos casos, tem um problema. Problemas de autoestima são sérios e não tenho condições de avaliar ou julgar.

O problema existe de um jeito ou de outro e precisa ser trabalhado. Seja a visão que você tem de você, seja a característica que realmente precisa mudar.

Ninguém vai dizer a um fumante que sofre por não conseguir parar de fumar e que ele precisa se aceitar, mas é algo normal dizer para alguém que está acima do peso.

Acontece que dizer para uma pessoa que está passando por uma insatisfação qualquer que ela deve se aceitar não serve para absolutamente nada.

Essa recomendação tem tanto efeito quanto uma sugestão que vejo muito as pessoas darem para um palestrante antes de uma fala.

O conselho de mestre é: você tem de se acalmar. É como se eu dissesse para você não pensar em um elefante rosa, evitando a imagem do elefante de não surgir em sua cabeça.

Eles não confiam que você pode mudar

Mulher admirando o horizonte

Quem dá este tipo de conselho pode fazer apenas para se sentir melhor. Se sentir superior por não ter aquele problema.

Não acredito ser de propósito, na maioria das vezes. E se você faz, provavelmente se ofendeu. Só que a verdade é que apesar da intenção poder ser boa, não existe muita ajuda na solução do problema.

Damos conselhos rasos e fajutos apenas para lidarmos com nossas próprias inseguranças e acharmos que entendemos da vida. Tem a ver mais com quem dá o conselho do que com quem recebe.

Quem faz este tipo de recomendação está apenas dizendo que não acredita que você pode fazer diferente. Está te diminuindo. E isso eu me recuso a fazer. Principalmente para pessoas que gosto.

É mais fácil dar este tipo de conselho do que se comprometer em ajudar. Acordar cedo junto para ir correr ao contrário de ficar até tarde na frente da TV.

Encarar a dieta junto com o amigo, mesmo sem supostamente precisar emagrecer. Se comprometer é complicado. Dar conselho sai mais barato.

Se você parar de mudar é porque desistiu de viver

Imagine que daqui para frente tudo que você faz te deixa plenamente satisfeito. Nada é necessário além do satisfatório.

Você não vai aprender mais nada. Nenhuma habilidade será adicionada ao seu repertório. Não, você não irá conseguir melhorar nada em sua aparência. Parece bom?

A mudança é que faz com que a gente tenha energia em continuar nossa jornada. E o fantástico é que as opções são ilimitadas. Podemos explorar nosso corpo e mente para fazer coisas novas todos os dias.

Não é aceitando como você é, na definição romântica e não na defendida em meu texto, que você vai conseguir se sentir bem. É aceitando que você pode mudar. Que você não sabe tudo e provavelmente vai falhar no caminho.

Que não vai ser fácil e mesmo assim você pode rir nas situações mais difíceis. É tendo esperança. É percebendo que todo mundo está no mesmo barco. Passando por dificuldades que você já passou ou vai passar.

E quem te ama também vai querer te ver melhor. Não vai querer que você fique parado só para também ter uma desculpa de continuar como está.

E quando você estiver em uma situação difícil vai surgir o momento do conselho de aceitação. Aquele em que alguém que se sentirá superior virá com esta história de aceitação para cima de você.

Pois diga a ela que você não concorda. Que o momento é difícil, mas você vai sair do outro lado. Mais forte.

Você não tem como se aceitar, pois ainda não descobriu todo o potencial de quem pode ser. E que a energia que te move para frente é maior do que qualquer dificuldade.

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